heartstopper

  • autoria: Alice Oseman
  • tradução: Guilherme Miranda
  • leitura concluída: ☆☆☆☆☆ + rainbow heart

    ora ora ora. entrei num vórtex de fofice com a série da Netflix & fui obrigada a ler os quadrinhos pra não queimar a TV de tanto assistir. & isso que enrolei horrores, porque meu querido tradutor das estrelas já tinha me avisado HÁ ANOS que eu ia gostar de ler. sabe um negócio que você vê & o coração cresce três vezes? então.

    (resuminho pra quem mora numa caverna: Charlie é o único gay assumido de uma escola só pra meninos & começa a fazer amizade com Nick, herói do time de rúgbi. WILL THEY OR WON'T THEY?!? ta na nam!)

    a Alice Oseman tem uma mão impecável pra delinear os terrores & glórias & delicadezas & abismos juvenis. a diversidade dos personagens é o ponto alto - não só pelas perspectivas lgbtqia+, mas também porque cada um tem uma personalidade em construção que depende muito de como eles encaram essas experiências tão básicas & simultaneamente enormes. enfim, tipo pessoas mesmo. ser gay, lésbica, bi, trans é uma fatia importante da vida, mas só uma das mil outras fatias desse bolo enorme que cada um é. ser adolescente não é fácil pra ninguém, ponto-final.

    outra coisa que ela faz de um jeito lindo - & pra quem só viu a série, já solto um megaspoiler - é tratar de problemas de saúde mental & o impacto que eles têm na formação da gente & nos nossos relacionamentos. pra mim, que faço tratamento psiquiátrico desde os 16, ver o Charlie levantando & caindo & levantando & caindo é um acolhimento enorme, quase um cafuné em forma de narrativa. também é muito realista & agridoce como ela deixa claro que o amor não cura nada, mas faz toda a diferença.

    fiquei muito comovida (inclusivemente chorando vendo TV & lendo) porque várias cenas me inundaram com lembranças de experiências pessoais de um jeito muito vívido. parece que eu via a Kelly infanta absurdada & paralisada diante da possibilidade de pegar na mão de alguém, entre outros pavores. queria que ela pudesse ter lido/visto isso, mas já vale super a pena acompanhar essa história sendo uma senhora que podia ser MÃE de todos os personagens. aliás: tenho pensado muito como poderia ser uma mediadora/facilitadora nas situações de trauma apresentadas quando voltar a ser professora, vejam só a maturidade. também pensei pensamentos lá no twitter que, se tivesse forças, podia escrever uma história lindinha da juventude da Kelly infanta, mas isso fica pra outra hora (:

    como de praxe, aqui tem: cotidiano escolar, parças, dores de crescimento, fofuras, amigos futriqueiros mas queridos, suspiros, esportes, bullying, lágrimas, mil medos, boliche, segredos não muito secretos, beijocas, rubores, gays-lésbicas-e-simpatizantes, bissexuais existem!, cães, excursão a Paris(!), depressão, xovens xonados, pegação, irmãos enxeridos, googlando minha vida, "queria saber na época o que sei agora 😭" &, na tradução brasileira, diálogos impagáveis como esse:



    em tempo! a história TODA continua disponível no tapas oficial da Oseman, pois ela é realmente uma deusa.

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