a thousand ships

  • título: A thousand ships
  • autoria: Natalie Haynes
  • ☆☆☆

    a Natalie Haynes faz aqui o se propôs a fazer & que anuncia desde o começo, na voz da musa invocada pelo poeta, até a nota de encerramento: contar a guerra de Tróia do ponto de vista das mulheres "apagadas" em detrimento dos heróis homens com H.

    porém entretanto todavia! ela mesma lista uma porção de fontes que consultou pra tecer a trama dela, todas atochadas de mulheres até o talo, como As Troianas, do Eurípides, ou Heroides, do Ovídio. oi, amiga?

    & tem mais: ela se apega tanto em seguir as fontes que boa parte do texto é basicamente o que essa galera escreveu, com pouco espaço pra algum reconto com gosto de reconto, de virada, de novidade. acho que a Margaret Atwood, a Christa Wolf & a Madeline Miller fizeram coisas muito mais interessantes com a Penélope, a Cassandra & a Circe, por exemplo.

    em contrapartida, quando ela consegue trazer uma voz nova, é uma coisa linda de ver, como quando ouvimos Themis & Gaia, deusas mais antigas do que o panteão olímpico de praxe, mexendo os pauzinhos atrás dos pauzinhos.

    além disso, sei que sou suspeita (por motivos de mestrado sobre), mas achei divertidíssimas as cartas da Penélope pro Odisseu. as primeiras eram meio só o texto da Odisseia diluído, mas conforme ela vai ficando cada vez mais puta com essa enrolação dele não chegar nunca em casa & com o lero-lero de "ain uma ninfa me sequestrou", fui dando mais & mais altas gargalhadas.

    aqui tem: canta pra mim ó musa, morte matada, fogo, viagens, mulheres escravizadas, profecias, vingança, espólios de guerra, rainhas, tretas de família, morte de criança, discórdia, gente arrancando a própria cara fora, amazonas, deuses mimados, banho de sangue, artimanhas.




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