a vegetariana

  • título: A vegetariana
  • autoria: Han Kang
  • tradução: Jae Hyung Woo
  • ☆☆☆☆

    reli esse aqui para o primeiro Leia Mulheres Curitiba do ano sem lembrar direito da história. da minha leitura original, em inglês, lá no começo de 2017, só guardei um estranhamento enorme, uma sensação de angústia. & talvez essa microrresenha podia ser só isso - aqui tem: estranhamento & angústia.

    mas! dá pra pensar um pouquinho mais, agora com a Han Kang nobelada, sabendo do bafafá da tradução pro inglês & com a tradução para o português pela Jae Hyung Woo.

    pra começar: o estranhamento é de que? de tudo, acho. do estilo da narrativa, da trama em si, dos personagens horrendos, de não saber se tem alguma coisa na história que seja "normal" pros padrões coreanos. o jeito que as pessoas se tratam, por exemplo, é com esse nível de frieza? & o isolamento absoluto dos indivíduos, é de praxe? tudo foi exagerado pra protagonista parecer a única pessoa sã em um mundo adoecido (ainda que seja ela quem é internada numa clínica psiquiátrica), ou é assim mesmo?

    não sei se ter essas respostas mudaria o gosto de bile que fica na boca a cada página, enquanto a gente vê, pelos olhos dos outros, uma mulher que quer abandonar o humano até se transmutar, se purificar, se enraizar numa natureza que não é só acolhimento, mas também tempestade. penso que não. basta um tropeço nessa máquina de moer gente em que vivemos pra um buraco se abrir como num pesadelo, tipo o que engole a Yeonghye.

    aqui tem: solidão, papéis de gênero, flores, tretas de família, carne, maridos de merda, violências variadas, montanhas, arte, fugas, síndrome da irmã mais velha, sofrimento psíquico, silêncio, árvores, sangue, fotossíntese, sonhos ruins.






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