leitura do mês do Leia Mulheres Curitiba, em que a Cristina Rivera Garza reconstrói com muita seriedade & delicadeza a vida & a morte da irmã mais nova, Liliana, na Cidade do México em 1990. o livro ganhou vários prêmios, inclusive o Pulitzer, e vem para o Brasil com a tradução sempre certeira da Silvia Massimini Felix.
costurando memórias, ofícios, cartas, diários, depoimentos & notícias da época, a Cristina faz um tecido que tanto materializa a Liliana como pessoa quanto discute a violência histórica contra as mulheres de modo geral. é tristíssimo, claro, mas também muito bonito pela valentia de cutucar uma ferida tão intensa sem qualquer melodrama.
é um convite para encarar a violência de gênero e o feminicídio sem deixar a gente esquecer que se, de um lado, o patriarcado propõe papéis muito claros de possuidor & posse, sujeito & objeto, de outro, pessoas se vestem ou se despem desses papéis o tempo todo, algumas às custas da própria vida.
(me lembra, um pouco, o incrível Na casa dos sonhos, da Carmem Maria Machado, um livro de memórias que trata de violência em relacionamentos lgbtqiap+ com uma mistura absurdante de gêneros textuais)
aqui tem: amor, luto, vida, querido diário, manifestações, burocracia, cartas não enviadas, músicas, jovens universitários, arquitetura, feminicídio, notícias sensacionalistas, amizade, impunidade, água.
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