mau hábito

  • título: Mau hábito
  • autoria: Alana S. Portero
  • tradução: Be RGB
  • ☆☆☆☆☆

    livro de maio do Leia Mulheres Curitiba, emprestado pela minha amiga genial, que eu terminei na véspera do encontro, chorandinho 🥲

    como falei lá na multidão que foi conversar sobre esse livro lindo, fiquei muito tocada desde o comecinho, quando a gente acompanha a infância da protagonista muito de perto, praticamente de dentro. tenho pensado, há tempos, sobre a pluralidade de experiências de ser criança & sobre como pouquíssimas dessas experiências são validadas & representadas na literatura (inclusive ou até especialmente na literatura infantil).

    a ideia de criança ideal & de infância ideal invisibiliza & marginaliza as crianças muito reais que estão em volta da gente, que são geralmente tratadas como não-sujeitos, como um vir-a-ser que só merece ser levado a sério quando crescerem. a narrativa da Alana Portero traz crianças & adolescentes que são pessoas inteiras desde sempre. é lindo, ao mesmo tempo leve & pesado - como uma infância de verdade é.

    o mundo que a Alana cria, e que @be_____rgb recria na tradução, é cheio de desejo & medo, uma jornada de herói carregada de mitologias clássicas & contemporâneas, com um pé no Olimpo & outro na MTV dos anos 80-90. & como classicista, te digo: a odisseia dessa menina trans crescendo em Madrid na virada do milênio tem uma quantidade respeitável de monstros & assistentes mágicos, mas sem nunca perder um eixo muito claro de busca do lar.

    aqui tem: mulheres trans, infâncias plurais, mitologia, classe trabalhadora, amor, tretas de família, coreografias da madonna, O Armário, bichas, sexo adolescente, galera lgbtqiap, saltos, estádios de futebol, violência, a família que construímos.





  • Comentários