
minha namorada literária Carmem Maria Machado tem uma tatuagem do fim de um conto da minha xará & amiga querida Kelly Link. sabe por que? porque a Outra Kelly faz mágica com as palavras, de muitos muitos jeitos.
primeiro: ela literalmente escreve mundos onde a magia vive, respira, estrutura o cotidiano. mundos de fantasia, fantásticos no melhor sentido. mas também: ela cria personagens que parecem gente, gente mesmo, pura bruxaria. monta umas frases lindas, outras de gargalhar, outras de sentir uma tristeza lá no fundo, outras como um feitiço de virar 600+ páginas sem parar & ao mesmo tempo sem querer chegar no fim.
desde o lançamento, eu tava doida pra ler esse primeiro romance dela, uma contista premiadíssima (até com um "genius grant" de centenas de milhares de doletas) & já dona do meu coração. & digo: 🗣️🥲✨💀🕳️❤️🩹🍆🍆
the book of love é dividido em trocentos capítulos/books narrados por vários personagens pra contar a história de três jovens que morrem & voltam à vida depois de um tempo, Laura, Daniel & Mo, trazendo junto de lá do Outro Lado um quarto elemento que eles não conhecem & que sequer se conhece, vulgo Bowie (pois: olhos de duas cores).
pra continuar vivos, os quatro precisam resolver os desafios colocados por dois seres místicos, que vêm acompanhados de outras tantas criaturas & eventos bizarros pra tocar o terror na cidadezinha litorânea onde eles moram.
mas mais do que uma história de morte, de magia, de provas misteriosas, de bildungsroman, isso aqui é, como o título bem diz, um livro de amor. de amantes, sim, mas também de irmãs & irmãos, de amigos, de avós & netos, de colegas de trabalho, de escritoras & seus personagens, de espécies companheiras, do chão que a gente pisa & da cama em que a gente dorme.
aqui tem: amores, escuridão, a lua, desejos, síndrome da irmã mais velha, música, UTI neonatal, café, um sofá branco, moedas, vingança, representatividade negra, adolescentes transudos, transmutação, o preço da magia, mortes com ressurreição, mortes sem ressurreição, luto, crianças, estátuas que andam, galera lgbtqiap+, medo, uma farpa.






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